S01EP27 – Alimentação na promoção da saúde mental
Neste episódio irei abordar a saúde mental, não de uma perspetiva emocional, mas ligada à alimentação e estilo de vida. Em Portugal, a prevalência anual de perturbações mentais é de 22,9%. Simultaneamente, somos o maior consumidor europeu de benzodiazepinas e dos países europeus com valores mais relevantes de toma de antidepressivos e de bebidas alcoólicas.
A promoção da saúde mental está presente desde o início da nossa vida, estando associada a vários fatores como a alimentação. Estudos têm mostrado a relação da alimentação com a capacidade de memória, concentração, saúde mental e por isso devemos dar mais atenção aos alimentos que queremos ingerir para melhorar esta promoção – ter uma alimentação saudável e equilibrada, com uma redução do consumo de alimentos processados e ricos em gorduras saturadas e trans.
Existem vários pontos a ter em conta na promoção da saúde mental, começando pelo impacto do intestino, várias hormonas presentes no intestino como a leptina, grelina, peptídeo GLP-1 e a insulina, têm provado ter influência nas emoções no processo cognitivo. O intestino tem realmente um papel importante na aquisição de novas memorias, no controlo das emoções e nas funções cerebrais de forma geral. O segundo ponto é o metabolismo energético, pois o cérebro consomo imensa energia e, por isso, os mecanismos envolvidos na transferência de energia dos alimentos para os neurónios são fundamentais para o controlo da função cerebral. O terceiro ponto são os nutrientes, como o ácido gordo ómega-3, a curcumina, os flavonoides, as vitaminas do complexo B, a colina, a vitamina D, a vitamina E e os minerais zinco, selénio e ferro, que têm comprovado efeitos positivos na melhora da capacidade cognitiva. Contrariamente, elevados níveis de cálcio no sangue foram associados a um declínio cognitivo mais rápido nos idosos.
Estudos também têm demonstrado que alterar o aporte calórico de uma dieta ou padrão alimentar pode afetar positiva ou negativamente a capacidade cognitiva, assim como indicam que, o número de calorias e o tipo de calorias ingeridas são cada vez mais importantes para a manutenção da saúde mental. Termino abordando que as escolhas alimentares são cada ver mais importantes para determinados eventos epigenéticos e a modelação de determinadas doenças. Vários estudos têm apontado para os efeitos da alimentação na saúde mental poderem ser transmissíveis de geração em geração. Por isso, deixo alguns dos principais alimentos a reforçar e de pequenas mudanças que podemos ir começando a fazer para melhorar a saúde mental.