Conhece os benefícios do kefir?

benefícios do kefir

Conhece os benefícios do kefir?

Sabe quais são os benefícios do kefir?

O kefir está cada vez mais na moda e são-lhe reconhecidos cada vez mais benefícios para a saúde. Conhece este alimento?

O termo kefir deriva de uma palavra turca, “keyif”, cujo significado é “sabor agradável” (Azizi et al., 2021; Dimidi, Cox, Rossi & Whelan, 2019; Farag, Jomaa, El-Wahed & El-Seedi, 2020; Kim, Jeong, Kim & Seo, 2019).

É produzido pela adição de uma cultura inicial (grãos de kefir) ao leite. Os grãos têm um aspeto parecido à couve-flor e apresentam uma cor que varia entre branco e amarelo. Estes grãos consistem em leveduras simbióticas fermentadoras de lactose; leveduras não fermentadoras de lactose; e bactérias produtoras de ácido lático e acético. As leveduras e bactérias encontram-se alojadas dentro de uma matriz polissacarídica e proteica (Azizi et al., 2021; Dimidi et al., 2019, Farag et al., 2020; Kim et al., 2019).

O kefir feito, tradicionalmente, a partir de leite meio-gordo, contabilizando 100g de produto, apresenta 50 Kcal, 1,9g de Gordura, 4,5g de Hidratos de carbono e 3,4g de Proteína (Machado & Ferraz, 2021).

Existe ainda o kefir de água que, em vez de ser produzido com o leite, é uma bebida fermentada feita com água, açúcar e grãos de kefir de água. Este kefir contém bactérias e leveduras diferentes das que se encontram no kefir tradicional. As evidências deste são muito limitadas, mas é uma opção apresentada para os vegetarianos, indivíduos com alergia à proteína do leite e intolerantes à lactose. (Azizi et al., 2021; Dimiti et al., 2019; Farag et al., 2020; Kim et al., 2019).

Alguns estudos observaram, também, que existia um alívio a nível de sintomas em indivíduos com intolerância à lactose e melhoria no sistema imunitário. Os investigadores justificam este alívio dos sintomas, relativo à intolerância, devido à presença de uma enzima, a galactosidase, que contribui para a redução da concentração de lactose após ingestão da mesma. Tem sido verificado o seu impacto na regulação da homeostase, ou seja, equilíbrio do organismo, devido ao efeito direto no eixo intestino-cérebro (Bell, Ferrão, Pimentel, Pintado & Fernandes, 2018; Dimidi et al., 2021; Peluzio, Dias, Martinez & Milagro, 2021).

O kefir é denominado de alimento fermentado com propriedades probióticas, e não como probiótico. O consumo de alimentos fermentados com propriedades probióticas destacam-se, principalmente, pela capacidade de modular a microbiota intestinal. (Azizi et al., 2021; Bell et al., 2018; Farag et al., 2020; Kim et al., 2019; Peluzio et al., 2021). 

Os péptidos, compostos bioativos e estirpes presentes no kefir para além de modular a composição da microbiota intestinal, também contribuem para diminuir a sua inflamação e melhorar o controlo da permeabilidade, resultando em diversos benefícios a nível da saúde. Alguns exemplos destes benefícios estão correlacionados com a atividade antimicrobiana, anti-inflamatória e antioxidante verificada com esta modulação (Peluzio et al., 2021).

Segundo a literatura, o kefir tem sido estudado em indivíduos que apresentam obesidade, diabetes mellitus, doenças hepáticas, cancro, doenças cardiovasculares e alterações neurológicas. Estes estudos mostraram resultados positivos quando este alimento era consumido (Azizi et al., 2021; Bell et al., 2018; Farag et al., 2020; Kim et al., 2019; Peluzio et al., 2021).

  • Kefir e obesidade: Os efeitos benéficos encontrados podem estar relacionados com a viscosidade dos exopolissacáridos, produzidos pelas bactérias presentes no kefir. A presença desta viscosidade leva a uma supressão do apetite e redução do consumo de energia e absorção de glicose e lípidos. A modulação da microbiota intestinal, neste caso, leva a alterações das condições inflamatórias no tecido adiposo e melhorias nos parâmetros metabólicos (peso, adiposidade e marcadores de inflamação) e parâmetros bioquímicos, sugerindo grande potencial para o tratamento da obesidade (Bell et al., 2018; Peluzio et al., 2021).
  • Kefir e diabetes mellitus: Mudanças na permeabilidade intestinal, leva a um desequilíbrio, contribuindo para uma inflamação que, por sua vez, leva a uma resistência à insulina, consecutivamente, desenvolvimento de diabetes. Estudos observaram que o kefir pode levar a uma redução desta insulinorresistência devido à estimulação de certos componentes que levam ao aumento da capacidade de captação de glicose pelas células musculares (Bell et al., 2018; Peluzio et al., 2021).
  • Kefir e doenças hepáticas: A utilidade do kefir em doenças hepáticas deve-se às propriedades anti-inflamatórias, ao efeito hipoglicémico e estimulação da produção do glicogénio hepático. Foi provado que o kefir possui uma capacidade antioxidante, sendo uma ferramenta importante na prevenção e tratamento de danos hepáticos causados pelo stressoxidativo (Bell et al., 2018; Peluzio et al., 2021).
  • Kefir e doenças cardiovasculares: Um estudo concluiu que pode ser útil na prevenção e tratamento da aterosclerose. Um dos fatores de risco para a ocorrência de doenças cardiovasculares é a dislipidemia. Esta pode ser melhorada com o consumo de kefir devido às alterações na microbiota intestinal que levam a um aumento de ácidos gordos de cadeia curta e de ácidos biliares (Bell et al., 2018; Peluzio et al., 2021).
  • Kefir e alterações neurológicas: A composição da microbiota intestinal tem impacto na saúde da microglia, células cerebrais. O consumo de kefir tem influência a nível da melhoria da ansiedade e função cognitiva, e diminuição de sintomas de depressão. A literatura justifica estas melhorias com o facto de o kefir ser um alimento rico em triptofano que é precursor de serotonina, sendo que esta é a hormona associada à felicidade (Bell et al., 2018; Peluzio et al., 2021).

Os alimentos fermentados são definidos como “comida ou bebida produzida através de um crescimento de bactérias controlado e a conversão em compostos alimentícios através da função enzimática”. Diversos alimentos podem ser fermentados, desde carne, peixe, lacticínios, vegetais, legumes, cereais e frutas (Azizi et al., 2021; Bell et al., 2018; Dimidi et al., 2021; Farag et al., 2020; Kim et al., 2019).

A fermentação pode ser usada para enaltecer algumas propriedades organoléticas, nomeadamente sabor e textura, e pode até mesmo tornar os alimentos em comestíveis que outrora não iriam ser consumidos pelos componentes amargos e fenólicos, como por exemplo, as azeitonas. Também pode ser usada como método de conservação dos alimentos (Azizi et al., 2021; Bell et al., 2018; Dimidi et al., 2021). 

É importante referir que não se deve consumir nenhum alimento de forma excessiva, logo é necessário moderar o consumo e manter uma alimentação equilibrada e variada. O kefir pode ser feito com diversos tipos de leite- vaca, cabra, ovelha, camelo, entre outros- assim sendo, é preciso advertir que nem todos os leites produzem as mesmas bactérias, logo os benefícios podem variar. Alguns investigadores mostraram preocupação a nível do kefir realizado em casa devido ao pouco controlo que poderá haver, tendo em conta as componentes envolvidas na fermentação, nomeadamente os microrganismos, ingredientes nutricionais e condições ambientais. É necessário ter a certeza da maneira como o kefir é produzido para poder beneficiar, da melhor forma, as suas qualidades, por isto, os investigadores recomendam a aquisição deste alimento caso não se verifiquem condições adequadas para a sua produção. (Azizi et al., 2021; Bell et al., 2018; Dimidi et al., 2021; Farag et al., 2020; Kim et al., 2019).

Artigo escrito por Inês Simões Alves (3671NE), Nutricionista Estagiária Loveat

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Referências bibliográficas

Azizi, N. F., Kumar, M. R., Yeap, S. K., Abdullah, J. O., Khalid, M., Omar, A. R., Osman, M. A., Mortadza, S., & Alitheen, N. B. (2021). Kefir and Its Biological Activities. Foods (Basel, Switzerland)10(6), 1210. https://doi.org/10.3390/foods10061210

Bell, V., Ferrão, J., Pimentel, L., Pintado, M., & Fernandes, T. (2018). One Health, Fermented Foods, and Gut Microbiota. Foods (Basel, Switzerland)7(12), 195. https://doi.org/10.3390/foods7120195

Dimidi, E., Cox, S. R., Rossi, M., & Whelan, K. (2019). Fermented Foods: Definitions and Characteristics, Impact on the Gut Microbiota and Effects on Gastrointestinal Health and Disease. Nutrients11(8), 1806. https://doi.org/10.3390/nu11081806

Farag, M. A., Jomaa, S. A., El-Wahed, A. A., & El-Seedi, A. (2020). The Many Faces of Kefir Fermented Dairy Products: Quality Characteristics, Flavour Chemistry, Nutritional Value, Health Benefits, and Safety. Nutrients12(2), 346. https://doi.org/10.3390/nu12020346

Kim, D. H., Jeong, D., Kim, H., & Seo, K. H. (2019). Modern perspectives on the health benefits of kefir in next generation sequencing era: Improvement of the host gut microbiota. Critical reviews in food science and nutrition59(11), 1782–1793.

Machado, B., & Ferraz S. (2021). Iogurtes e leites fermentados. Associação Portuguesa de Nutrição. 57. Disponível em: https://www.apn.org.pt/documentos/ebooks/EBOOK_IOGURTES_LEITES_FERMENTADOS_para_saber_mais.pdf

Peluzio, M., Dias, M., Martinez, J. A., & Milagro, F. I. (2021). Kefir and Intestinal Microbiota Modulation: Implications in Human Health. Frontiers in nutrition8, 638740. https://doi.org/10.3389/fnut.2021.638740

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