INTRODUÇÃO ALIMENTAR – COMO SEI SE O BEBÉ ESTÁ PRONTO?

INTRODUÇÃO ALIMENTAR – COMO SEI SE O BEBÉ ESTÁ PRONTO?

A introdução alimentar consiste no período durante o qual ocorre a inclusão de novos alimentos na alimentação do bebé, para além do leite (materno ou, na sua ausência, fórmula infantil), com redução gradual do volume deste e até à introdução completa na dieta familiar. No entanto, como sei que o bebé está pronto? Esta fase deve ser iniciada por volta dos 6 meses de idade visto que, a partir desta altura, o uso exclusivo de leite materno ou fórmula deixa de ser suficiente para suprir as necessidades nutricionais do bebé. (1,2) Isto acontece devido ao aumento da atividade física espontânea registada a partir do 2º semestre de vida que obriga a alterações na oferta alimentar e respetivo perfil nutricional.

Além disso, é nesta altura que ocorre um aumento progressivo da capacidade e motilidade gástricas. Isto permite a aceitação de maior quantidade e da digestão de outros alimentos que não o leite. É também nesta fase que decorre o desenvolvimento motor, sensorial e dos vários órgãos, tornando-se numa janela de oportunidade para o treino do paladar e das texturas, bem como para a programação de um comportamento alimentar adequado e desenvolvimento saudável. (3)

Como conseguimos verificar se o bebé está pronto para receber novos alimentos de forma segura?

Eis alguns sinais que são indicadores de prontidão para esta nova fase:

  • Perda do reflexo de extrusão lingual: Sendo este um reflexo de defesa onde o bebé empurra os alimentos para fora da boca com a língua, a sua presença indica insegurança e daí um risco aumentado de engasgamento por descoordenação da deglutição; aquando da sua ausência garante-se a segurança para uma alimentação à colher, sendo este o 1º sinal de prontidão alimentar;
  • Capacidade de ficar sentado: indica a capacidade de receber alimentos não líquidos nomeadamente pastosos e progressivamente menos triturados;
  • Vedamento labial: o bebé é capaz de fechar a boca em torno da colher e engolir sem exteriorização do alimento;
  • Controlo manual e ocular: sinais que garantem a aptidão do bebé em agarrar o alimento e dirigi-lo até à boca, demonstrando uma progressão da sua autonomia; 
  • Movimentos rítmicos da boca: competência de moer alimentos progressivamente menos homogéneos, um movimento precursor da mastigação e independente da dentição;
  • Interesse do bebé por outros alimentos: uma forma muito simples e prática de verificar a prontidão do bebé.
Como iniciar a introdução alimentar?

Numa fase inicial, o bebé deve ser alimentado sempre em posição sentada ou ligeiramente inclinado e os primeiros alimentos deverão ser oferecidos à colher e ter uma textura cremosa. Contudo, não existe nenhuma regra definida relativamente à sequência da introdução dos alimentos. Um exemplo comum de primeiro grupo de alimentos que eventualmente pode ser introduzido é o dos hortofrutícolas, ou seja, o creme de legumes ou a fruta. Embora não seja preconizada nenhuma recomendação sobre a cadência da introdução, deve respeitar-se um intervalo de 2-3 dias entre cada grupo de alimentos (ex: iniciar com o creme de legumes, 2 dias depois introduzir a fruta, 2 dias depois introduzir a papa, etc.). Contudo, são apenas orientações e não regras propriamente ditas, sendo que todo o contexto individual e social do bebé deve ser considerado aquando da introdução de novos alimentos na sua alimentação.

Método tradicional e Baby-led Weaning (BLW)

Relativamente aos métodos de introduçã0o alimentar, existem dois tipos distintos – o método tradicional (onde o bebé é alimentado à colher pelos cuidadores, inicialmente através de purés e progressivamente com texturas cada vez mais sólidas) e o baby-led weaning (BLW) ou “autoalimentação”. Este último consiste na oferta de alimentos moídos, picados ou aos bocados, competindo ao bebé comer sozinho, com as mãos, em vez de ser alimentado pelo cuidador, à colher. (3)

Tanto um como o outro possuem vantagens e desvantagens:

  • Método tradicional – Permite uma maior segurança na alimentação do bebé (considerando o risco de engasgamento) ao haver um maior acompanhamento e supervisão da mesma (4); contudo, o aporte energético poderá ser maior através deste método. (5)
  • BLW – Oferece maior autonomia ao bebé permitindo-o experimentar os alimentos com as próprias mãos; no entanto, poderá haver riscos associados caso não ocorra uma supervisão adequada, nomeadamente de engasgamento e de monotonia alimentar.

Assim sendo, existem profissionais que defendem o BLW modificado, ou seja, uma conjugação entre o método tradicional e o BLW. Assim, é possível garantir o aporte nutricional mínimo através de alimentos fornecidos à colher e promove-se precocemente os alimentos dados à mão (4). Isto promove também uma dinâmica familiar facilitada e maior segurança por parte dos cuidadores. Um exemplo prático: oferecer sopa à colher e depois fruta em pedaços. 

E quando o bebé completa 12 meses?

Aos 12 meses, independentemente do tipo de dieta que faça, o bebé pode partilhar a dieta familiar, devendo manter-se o aleitamento materno (caso a mãe assim o deseje) ou uma fórmula infantil de baixo teor proteico, como fonte láctea preferencial. (3)

Deste modo, é essencial existir flexibilidade nesta fase e respeitar o padrão maturativo de cada bebé para que o processo de alimentação decorra com segurança e com o objetivo de, não só garantir a adequação nutricional à fase de vida em que se encontra, como também estruturar hábitos alimentares saudáveis que perdurem no futuro. (4)

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REFERÊNCIAS

1.         World Health Organization. WHO Guideline for complementary feeding of infants and young children 6–23 months of age. 2023.

2.        Verga MC, Scotese I, Bergamini M, Simeone G, Cuomo B, D’antonio G, et al. Timing of Complementary Feeding, Growth, and Risk of Non-Communicable Diseases: Systematic Review and Meta-Analysis. Vol. 14, Nutrients. MDPI; 2022.

3.        Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável, Direção-Geral da Saúde. Alimentação saudável dos 0 aos 6 anos. 2019.

4.        Associação Portuguesa de Nutrição. Alimentação nos primeiros 1000 dias de vida: um presente para o futuro. 2019.

5.        Rowan H, Lee M, Brown A. Estimated energy and nutrient intake for infants following baby-led and traditional weaning approaches. Journal of Human Nutrition and Dietetics. 2022 Apr 1;35(2):325–36.

Artigo escrito em colaboração com a Nutricionista Estagiária Patrícia Martinho.

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