Síndrome do Intestino Irritável – Será que tenho?

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Síndrome do Intestino Irritável – Será que tenho?

A síndrome do intestino irritável (SII), também conhecida por cólon irritável, define-se como uma desordem gastrointestinal funcional (onde não ocorrem alterações anatómicas ou nas análises clínicas que expliquem a sintomatologia), sendo a mais prevalente no mundo. Assim sendo, é caracterizada por dor abdominal recorrente, presente pelo menos em 1 dia por semana nos últimos 3 meses, que está associada a 2 ou mais dos seguintes sintomas:

  • Ligado ao ato de evacuar;
  • Alterações na frequência das evacuações;
  • Alterações no formato/aparência das fezes.

Assim sendo, estes sintomas devem ter começado há 6 meses, no mínimo.

Dentro da SII existem 4 subtipos distintos que se baseiam no sintoma prevalente: SII com obstipação, SII com diarreia, SII mista (obstipação + diarreia) e SII não classificada (onde existem padrões que não entram nas classificações anteriores). Além disso, estão muitas vezes associados outros como flatulência excessiva (gases) e distensão abdominal (sensação de barriga inchada). (1)

CAUSAS E DIAGNÓSTICO

Esta patologia pode ter como base diversas causas distintas, podendo não estar apenas uma implicada no seu surgimento. Como fatores de risco destacam-se ser do sexo feminino, ter uma idade inferior a 50 anos, ter ritmos de vida com muito stress associado, ter diagnósticos de ansiedade e depressão, o uso de antibióticos, ter feito cirurgias ou tido infeções abdominais prévias. (2)

Mesmo que não existam causas específicas da SII, pensa-se que indivíduos diferentes poderão ter causas subjacentes distintas, o que torna este diagnóstico mais complexo. No geral, estão presentes causas como alterações na motilidade intestinal, parede intestinal altamente sensível, alterações na microbiota intestinal, trânsito intestinal muito lento ou muito rápido, presença de leaky gut (onde o enfraquecimento das paredes intestinais promove uma maior permeabilidade e, assim, maior entrada de toxinas e bactérias nocivas no intestino), processos inflamatórios de baixo grau. Pode haver também uma componente hereditária associada.

Assim sendo, o fator que desencadeia os sintomas pode ser variável: tanto podem iniciar-se após uma gastrenterite como depois de um período de vida stressante ou de uma cirurgia. O diagnóstico deve ser feito por um médico gastrenterologista visto que os sintomas podem ser indicativos de outro tipo de doenças gastrointestinais potencialmente mais sérias. O despiste inclui análises sanguíneas que incluam parâmetros inflamatórios, testes para os marcadores de doença celíaca, colonoscopia e/ou endoscopia, testes de intolerância à lactose, análise às fezes e ecografias. (1) Assim, é fundamental uma avaliação clínica mais profunda e nunca deve ser feito um autodiagnóstico!

TRATAMENTO

A SII tem um impacto considerável no bem-estar e na qualidade de vida dos indivíduos que dela sofrem. Apesar de não ter uma cura específica porque se trata de um distúrbio crónico, existem estratégias que visam a gestão de sintomas e que devem ser adaptadas a cada um. Geralmente as mesmas passam por manter uma atividade física regular; receber aconselhamento nutricional por parte de um nutricionista (poderá ser necessário a implementação de dietas específicas, adaptadas a cada indivíduo); suplementação com probióticos ou fibras solúveis tipo psílio; psicoterapia (visto que os sintomas são muitas vezes desencadeados pelo estado emocional e os mesmos têm impacto no bem-estar do paciente). Algumas pessoas poderão beneficiar também da toma de certos fármacos (prescritos pelo médico) que atuem a nível dos neurotransmissores e que melhorem não só os estados de dor como o trânsito intestinal.

Qualquer dúvida ou resistência deve ser discutida com o médico de forma a estabelecer uma terapêutica adequada. (3) Desta forma conseguimos perceber que, apesar da SII ser considerada uma perturbação crónica, existem formas de atenuar a sintomatologia associada e, assim, ganhar qualidade de vida!

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REFERÊNCIAS

  1. Ford AC, Sperber AD, Corsetti M, Camilleri M. Irritable bowel syndrome. Vol. 396, The
    Lancet. Lancet Publishing Group; 2020. p. 1675–88.
  2. Black CJ, Ford AC. Global burden of irritable bowel syndrome: trends, predictions and
    risk factors. Vol. 17, Nature Reviews Gastroenterology and Hepatology. Nature
    Research; 2020. p. 473–86.
  3. Vasant DH, Paine PA, Black CJ, Houghton LA, Everitt HA, Corsetti M, et al. British Society
    of Gastroenterology guidelines on the management of irritable bowel syndrome. Gut.
    2021 Jul 1;70(7):1214–40.
Artigo escrito em colaboração com a Nutricionista Estagiária Patrícia Martinho.

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