Dieta mediterrânea pode prevenir a formação de cálculos renais
O rim tem diversas funções importantes no nosso organismo, que devem ser garantidas para as manter, tais como: filtrar as substâncias do sangue; secretar e selecionar material residual para excretar e de reabsorver algumas substâncias que retornam ao sangue.
A Litíase do aparelho urinário ou nefrolitíase, é a designação médica para um problema muito comum, conhecido como cálculos renais ou pedras nos rins.
As principais causas podem ser malformações congénitas ou adquiridas, má alimentação ou uma deficiente hidratação. De uma forma geral, pessoas tendem a beber pouca água de acordo com as suas necessidades diárias e há cada vez mais a tentação do consumo de muitos produtos alimentares processados, em detrimento de uma dieta equilibrada.
Estima-se uma incidência de cerca de 3% de cálculos renais, sendo a terceira doença mais frequente do aparelho geniturinário, a seguir às infeções urinárias e pelas doenças da próstata. Os cálculos renais são na realidade, cristais duros que se vão acumulando nos rins, a partir de resíduos/minerais presentes na urina, podem ser de origem oxalato-cálcica, de ácido úrico ou podem ocorrer por uma infeção autossómica. Ao longo do tempo vão-se aglomerando e estes conjuntos podem apresentar vários tamanhos, seja o de um grão de areia até à dimensão de uma bola de golf.
Que uma alimentação saudável, equilibrada e baseada em alimentos frescos, traz diversos benefícios para a saúde, já todos sabemos. A novidade é que os bons hábitos alimentares podem influenciar a formação de cálculos renais ou pedras nos rins. Nesse sentido, um estudo recente publicado no “Clinical Journal of the American Society of Nephrology”, defende que a adoção de uma dieta mediterrânea, poderá diminuir o risco de desenvolvimento de doenças renais.A pesquisa realizada por nefrologistas (especialistas no sistema urinário) italianos e americanos, indica que, uma maior adesão à dieta mediterrânea, pode resultar numa menor probabilidade do desenvolvimento de cálculos renais.
Numa dieta mediterrânica a escolha alimentar é baseada em alimentos mais frescos na sua forma natural, escolhendo-se principalmente conforme a sazonalidade, excluindo-se produtos ultraprocessados. É recomendada a diminuição da ingestão de carne vermelha, aumentando o consumo de aves, peixe e marisco. O foco em produtos naturais, traz ainda mais frutas e vegetais à alimentação, bem como cereais na sua forma integral. São utilizadas as chamadas “gorduras boas”, como azeite virgem extra virgem, azeitonas e frutos secos. Os laticínios devem ser consumidos com menor teor de gordura, como os queijos e iogurtes naturais. A bebida principal deve ser a água, que pode acompanhar todas as refeições.
Para a prevenção de Cálculos Renais
- Deve ser feita uma ingestão adequada de Líquidos/Hidratação
É importante uma hidratação através do consumo adequado de água, ingestão de sopa e frutas.
A quantidade de líquidos aconselhada pode ser medida através da cor da urina. Esta deve ter uma cor clara, o que implica uma ingestão mínima de 1,5 a 2 litros de água por dia. No entanto, se temperatura ambiente for elevada, ou consoante o tipo de alimentação e o nível de atividade física, pode ser necessária uma ingestão superior de água.
- Deve ser feita uma redução do consumo de sal
Os alimentos que consumimos também têm um papel fundamental para a saúde dos rins. Em países mais desenvolvidos, onde a alimentação é mais rica em sal e alimentos mais processados em geral, a frequência de cálculos renais é maior.
Pessoas de risco ou com antecedentes pessoais ou familiares de cálculos renais, devem reduzir a ingestão de alimentos ricos em oxalatos, como: espinafres, beterraba, chocolate, chá preto e frutos secos. Por outro lado, a ingestão de lacticínios magros, pode ajudar a prevenir a formação de cálculos renais.
- Evitar o álcool e o tabaco: o tabagismo promove o depósito de toxinas nos rins, a par da ingestão excessiva de bebidas alcoólicas.
No tratamento Nutricional da doença, é recomendado:
- Beber 3L água/dia;
- Evitar alimentos ricos em purinas: carnes e vísceras, frutos do mar e bebidas alcoólicas;
- Evitar alimentos ricos em oxalatos: espinafres; beterraba, chocolate, beterraba, chá preto, café, nozes e figos;
- Evitar o consumo excessivo de alimentos ricos em metionina: ovos, peixe, carne e lacticínios;
- Fazer dieta mais rica em fibras e com mais proteínas de origem vegetal (ex: grão-de-bico, feijão, ervilhas, lentilhas, favas, tremoços)
- Restringir suplementação vitamina C (no caso dos cálculos serem de oxalato)
Artigo escrito por Joana Moura, Nutricionista
Bibliografia
-Associação Portuguesa de Urologia; Guidelines Urolitíase: https://www.apurologia.pt
– Heilberg IP, Schor N. “Renal stone disease: Causes, evaluation and medical treatment”. Arq Bras Endocrinol Metabol. 2006;50(4):823-31
-Rodriguez, A. et al. “Mediterranean diet adherence and risk of incident kidney stones”. The American Journal of Clinical Nutrition, nqaa066, https://doi.org/10.1093/ajcn/nqaa066, April 2020