Sustentabilidade alimentar
A FAO (2010), define a alimentação sustentável como, uma “dieta que deve proteger e respeitar a biodiversidade e os ecossistemas; culturalmente aceitável e acessível; economicamente justa; nutricionalmente adequada; segura e saudável; além de otimizar os recursos naturais e humanos”. É um facto que, para atingirmos uma alimentação sustentável, precisamos de sintonia de diversas áreas, não somente da nutrição. Uma alimentação saudável e sustentável é aquela que promove saúde, mas ao mesmo tempo que preserva futuro do meio ambiente. E saúde não é apenas a ausência de doenças, mas é também o estado pleno de bem-estar físico e social, tal como a OMS descreve.
O sistema alimentar sustentável, é não só do ponto de vista ambiental, o que preserva os recursos naturais, sem os quais não teríamos produção de alimentos, mas também tem em conta o ponto de vista social, ou seja, ter a preocupação de não gerar pobreza, contribuindo para a equidade e justiça social. Assim, uma alimentação saudável sustentável, é aquela que alimenta o nosso corpo, mente, vida social e o planeta. É possível existir uma alimentação que promova estes 4 objetivos, mas para tal, precisamos de adotar estratégias no no dia a dia, fazendo a diferença e contribuindo para uma alimentação saudável e sustentável:
- Diminuir o desperdício alimentar, fazermos compras do essencial, escolhermos alimentos que possamos utilizar em diversas confeções e reutilizar. Aprendermos a reaproveitar sobras de refeições, frutas e legumes de aparência menos “bonita”, de forma inteligente e com vantagem económica. Estes pequenos passos, podem produzir impacto, pois ditam aos supermercados e produtores, quais os alimentos preferenciais dos consumidores e em que quantidades este consome;
- Consumir alimentos minimamente processados/embalados: optar pelo consumo de alimentos no seu estado mais natural, de forma a reduzir todos os processos de produção industrial, que acarretam maior poluição e pegada ecológica. Ao darmos preferência a alimentos mais frescos e menos processados, estamos também a aumentar o valor nutricional das nossas refeições e a nutrir-nos melhor (ex: escolher um ananás fresco, versus ananás em lata, ou sumo de ananás em pó para sumo instantâneo);
- Consumir alimentos sazonais e de produção local:consumir localmente e produções sazonais, apoia não só a redução da pegada ecológica, relacionada com o transporte, gasto de combustível para trazer os alimentos de países longínquos, como em certas produções, apoia a preservação dos recursos naturais evitando desflorestação. Escolher produção local tem impacto positivo no nosso país, apoiando a comunidade próxima e o que é nacional;
- Redução do consumo de alimentos baseados em culturas cerealíferas de produção intensiva: ou seja, monoculturas de cereais, com extensas produções, apoiadas no uso de pesticidas e culturas geneticamente modificadas, que esgotam os solos, reduzem a biodiversidade de espécies e produzem cereais de baixa qualidade do ponto de vista nutricional (soja, milho e trigo), ao mesmo tempo que prejudicam outras culturas e o meio ambiente;
- Reduzir o consumo de carne processada: apoio à redução dos gases de estufa, tanto pelo próprio processo de produção, como pelo transporte do produto final. Optar por escolhas de produção animal sustentável extensivas, animais de pasto que vivem em equilíbrio com o meio ambiente, respeitando o ecossistema e de produção nacional.
Está ao alcance de todos, estarmos mais informados nas nossas escolhas alimentares, seja de forma a contribuir para um futuro sustentável, mas ao mesmo tempo saudável. Podemos todos os dias fazer pequenas mudanças, escolher melhor, dar o nosso voto sobre os alimentos que escolhemos e a qualidade que queremos comprar, orientando os produtores para as nossas escolhas cada vez mais informadas, saudáveis e sustentáveis.
Bibliografia:
-FAO, “Sustainable Food and Agriculture”: http://www.fao.org/
-WHO, “World Health Organization”: https://www.who.int/
-Lindgren, E., Harris, F., Dangour, A. D., Gasparatos, A., Hiramatsu, M., Javadi, F., Loken, B., Murakami, T., Scheelbeek, P., & Haines, A. (2018). Sustainable food systems – a health perspective. Sustainability science, 13(6), 1505–1517. https://doi.org/10.1007/s11625-018-0586-x
-Morawicki, R. O., & Díaz González, D. J. (2018). Food Sustainability in the Context of Human Behavior. The Yale journal of biology and medicine, 91(2), 191–196.