Papel da histamina no tratamento da depressão
Será que a Histamina pode ajudar no tratamento da depressão?
A depressão encontra-se associada a alterações químicas e inflamatórias a nível cerebral que podem contribuir para esta patologia(Hersey, 2020).
O diagnóstico de depressão baseia-se na persistência sintomatológica, a nível cognitivo, afetivo e comportamental, em que se encontra presente a sensação de anedonia, ou seja, perda de satisfação/ interesse/motivação/prazer em atividades que no passado não acontecia. É sempre recomendado que este diagnóstico seja realizado por um profissional de saúde, neste caso, um psicólogo ou psiquiatra (Hersey, Hashemi & Reagan, 2021).
Ao estudar o sistema das hormonas serotonina e histamina torna-se mais fácil definir a base química neurológica da depressão. A histamina tem um papel bem estabelecido a nível da inflamação periférica e dados recentes sugerem que esta hormona desenvolve um papel fundamental na modulação de serotonina durante a inflamação. É importante referir que a serotonina é uma hormona que contribuí para o bem-estar emocional, também considerada como “hormona da felicidade” (Hersey, 2020; Hersey et al., 2021; Makris, Karianaki, Tsamis, Paschou, 2020).
Embora se saiba qual o papel da histamina na inflamação periférica, tem-se investido em descobrir qual o seu papel na inflamação neurológica. Na periferia, a histamina é libertada em resposta ao stressou ferida, permitindo que atue apresentando capacidade imunomoduladora. (Hersey, Hashemi & Reagan, 2021; Hersey et al., 2021; Makris et al., 2020).
Existe evidência científica que sugere que a depressão se encontra ligada a respostas muito ativas ao stress, resultando de uma ativação crónica das vias de respostas ao mesmo (Hersey, Hashemi & Reagan, 2021; Hersey et al., 2021; Makris et al., 2020).
A histamina pode ser encontrada em algumas células, por exemplo, plaquetas e neutrófilos, mas também pode ser produzida pelos neurónios. Esta pode ter cerca de quatro tipos de recetores: H1R, H2R, H3R e H4R. (Hersey, Hashemi & Reagan, 2021).
Não deixa de ser importante relembrar que a ligação bidirecional entre o intestino e o cérebro é de grande importância para uma abordagem mais completa relativamente ao tratamento da depressão. Desta forma podem ser desenvolvidas novas estratégias terapêuticas contra a depressão, de forma conjunta com medicação, ou até mesmo sem medicação, sendo que essa vertente ainda não está muito desenvolvida (Makris et al., 2020).
Existe uma probabilidade diminuída de desenvolver depressão associada a uma dieta composta principalmente por vegetais, frutas, peixes e grãos integrais (Makris et al., 2020). A histamina também pode ser encontrada em alimentos fermentados (Comas-Basté, Sánchez-Pérez, Veciana-Nogués, Latorre-Moratalla & Vidal-Carou, 2020).
A atividade física e um sono regular também são fatores importantes para prevenir o desenvolvimento de depressão. Uma vez que estes não estejam conforme, juntamente com uma má alimentação e outros fatores de stress é comum que a depressão acabe por se desenvolver num indivíduo. Visto que existem diversos componentes envolvidos, o mais correto é um tratamento acompanhado por uma equipa multidisciplinar, em que o papel de um psicólogo ou psiquiatra se torna fundamental, mas como é possível verificar com a influência que a alimentação tem, o acompanhamento adicional de um nutricionista também é aconselhado.
Artigo escrito por Inês Simões Alves (3671NE), Nutricionista Estagiária Loveat
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Referências bibliográficas
Comas-Basté, O., Sánchez-Pérez, S., Veciana-Nogués, M. T., Latorre-Moratalla, M., & Vidal-Carou, M. (2020). Histamine Intolerance: The Current State of the Art. Biomolecules, 10(8), 1181. https://doi.org/10.3390/biom10081181
Hersey, M.(2020). The Role of Acute and Chronic Neuroinflammation in Depression: Uncovering the Relationship Between Histamine and Serotonin Transmission. (Dissertação médica). Retrieved from https://scholarcommons.sc.edu/etd/5679
Hersey, M., Hashemi, P., & Reagan, L. P. (2021). Integrating the monoamine and cytokine hypotheses of depression: Is histamine the missing link?. The European journal of neuroscience, 10.1111/ejn.15392. Advance online publication. https://doi.org/10.1111/ejn.15392
Hersey, M., Samaranayake, S., Berger, S. N., Tavakoli, N., Mena, S., Nijhout, H. F., Reed, M. C., Best, J., Blakely, R. D., Reagan, L. P., & Hashemi, P. (2021). Inflammation-Induced Histamine Impairs the Capacity of Escitalopram to Increase Hippocampal Extracellular Serotonin. The Journal of neuroscience : the official journal of the Society for Neuroscience, 41(30), 6564–6577. https://doi.org/10.1523/JNEUROSCI.2618-20.2021
Makris, Anastasios P.; Karianaki, Minois; Tsamis, Konstantinos I.; Paschou, Stavroula A. (2020). The role of the gut-brain axis in depression: endocrine, neural, and immune pathways. Hormones. doi:10.1007/s42000-020-00236-4