Jejum intermitente durante a época festiva
Chegámos á época do ano em que se instala o pânico em todas as pessoas com uma vida social ativa mas que querem manter o peso saudável. A época do natal é caracterizada por muitos excessos alimentares, por isso, trouxe-vos uma abordarem para experimentarem durante este mês e conseguirem chegar ao novo ano com o mesmo peso, ou talvez menos e, quem sabe, até com menos massa gorda.
O jejum intermitente não é uma dieta mas sim um padrão alimentar. É uma forma de agendar as refeições por forma a conseguir tirar o máximo partido dela. Não muda o que come mas sim quando come. É uma forma forma de perder massa gorda sem fazer uma grande restrição alimentar e mantendo a massa muscular. E é por isso que, quando começa a ser experimentado em situações pontuais, acaba por ser categorizado como algo fácil de fazer e que não custa assim tanto.
O nosso corpo está num estado de “alimentação” desde que começamos a comer até cerca de 3 a 5 horas depois, quando terminamos a digestão. Nesta altura, é mais difícil para o corpo usar/”queimar” gordura porque os níveis de insulina estão muito elevados.
Depois de algum tempo, o nosso corpo entra num estado de pós-absorção, que dura entre 8 a 12 horas após a refeição, altura em que entramos numa fase de jejum. Nesta altura, como os níveis de insulina baixam, é muito mais fácil queimarmos gordura corporal. Se pensarem bem, como no dia-a-dia raramente entramos nesse período de jejum de 12 horas, é-nos mais difícil queimarmos gordura. Mas, se espessarmos mais as refeições, por exemplo, se jantar-mos ás 20h e só voltarmos a comer as 10h do dia seguinte, conseguimos fazer com que o nosso corpo esteja ativamente a queimar gordura, durante, pelo menos, 2 horas.
Mas, além da perda de massa gorda, este processo de perda de massa gorda, este processo de jejum intermitente também nos simplifica um pouco a vida. Podemos dormir mais um bocadinho de manhã, preparar um chá, e começar o dia 🙂
Alguns estudos (como este e este) têm associado a restrição calórica e o jejum intermitente com o aumento da longevidade. Alguns (como este, este e este) até têm sugerido que o jejum intermitente pode reduzir o risco de desenvolvimento de cancro, melhorar o efeito dos tratamentos de quimioterapia e até reduzir o risco de doenças cardiovasculares.
Mas e como é que se faz o jejum intermitente?
Há várias abordagens que podem fazer. O modelo Leangains sugere fazer um período de jejum de 16 horas, seguido de 8h com consumo alimentar. Não interessa muito a que comer começa a comer e a que horas para, desde que se adapte bem ao seu estilo de vida. A forma mais fácil de fazer para a maior parte das pessoas é comer o almoço e o jantar, sobretudo agora na época festiva, e ficar em jejum desde que acaba de jantar até a hora de almoço do dia seguinte. Esta é uma forma simples de fazer e fácil de seguir sem ter que comprometer todos os almoços e jantares de natal.
Mas é preciso perceber que, para que o processo tenha os efeitos desejados, não podemos comer inúmeros doces, refeições pesadas e bebidas alcoólicas 🙂 A ideia é manter um regime alimentar semelhante ao que faria no dia-a-dia, com 80% da alimentação bastante saudável e os restantes 20% das coisas mais características do natal. Ou seja, há espaço para queijinhos, sonhos ou bolo rei, mas sempre em quantidades controladas, claro!
Outra forma de experimentarem o jejum é fazerem-no 1 vez por semana ou 1 vez por mês. Esta é a estratégia que uso depois de casamentos ou festas com demasiada comida e bebidas alcoólicas 🙂
Neste exemplo, ficamos 24h sem comer o que nos permite tomar o pequeno-almoço numa segunda e voltar a comer ao almoço de terça, por exemplo. O mais difícil neste processo é ultrapassar a barreira psicológica das 24h sem comer. Mas sem pensarem bem no que comeram no dia anterior, o dia do jejum vai-se fazendo bem.
Uma outra forma de fazermos jejum é em dias alternados mas durante mais horas (16h a 20h. A vantagem é que podemos ir fazendo dias de refeições alternados, o que é bom para quem tem muita dificuldade em saltar o pequeno-almoço. Além disso, supostamente, com mais horas de jejum, aumentamos os benefícios do processo.
Para mim, a abordagem que é mais fácil de seguir durante esta quadra é a do jejum intermitente diário. Mas podem experimentar 1 dia por semana, ou ir fazendo períodos maiores em dias alternados para experimentarem como se sentem. O feedback que tenho das pessoas a quem recomendo fazer é que se sentem com bastante energia, mais alerta e até com melhores performances nos treinos. Apesar de poder parecer contraditório e de poderem achar que, sem alimentos, se vão sentir fraquinhos, a verdade é que a maior parte das pessoas se sente desta forma. E, para quem treina logo ás 7h, como eu, é uma excelente desculpa para prolongar o jejum até as 9h ou 10h por exemplo.
O que vos quero passar é que esta pode ser uma abordagem simples e benéfica para a época de inúmeros almoços e jantares de grupo. Mas que se devem conseguir organizar bem e não achar que as calorias que não foram consumidas ao pequeno-almoço e meio da manhã, são para incluir ao almoço e jantar. Lembrem-se de que a ideia é comer da forma mais equilibrada possível, conjugando os eventos de natal que aí vêm.
Um beijinho
Mafalda Rodrigues de Almeida
Angela
Olá!
Também faço Jejum Intermitente há algum tempo e tem resultado bem comigo. A minha questão é: treina em jejum? Foi o que percebi do que li, certo?
Eu ajusto-me para não o fazer porque penso que não devo, não por falta de energia mas pelos benefícios para o corpo.
Gostava de saber a sua opinião.
Obrigada.
Bjnho
Angela
Mafalda Rodrigues de Almeida
Olá Ângela, obrigada pelo seu comentário 🙂 Sim, treino em jejum e sinto-me muito bem. Nunca tive nenhuma quebra de energia, pelo contrário. Mas esta é uma questão muito pessoal, depende muito da tolerância de cada pessoa. É uma questão de experimentar. Beijinho
Isabel
Bom dia, gosto e dou-me bem a fazer o jejum, normalmente 16 h às vezes 24h. A minha duvida é se a medicação interrompe o jejum. De manhã tomo Eutirox e antidepressivos..
Obrigada.
Mafalda Rodrigues de Almeida
Bom dia Isabel, a não ser que os medicamentos tenham revestimentos de lactose ou sacarose, por exemplo, não haverá grande interrupção do jejum. É melhor ver só se não há problema em fazer a medicação (sobretudo os antidepressivos) em jejum.